sábado, 18 de novembro de 2017

Fanatismo Religioso


Por Mestre Mohammad Abdullah Ansari

Há algum tempo budistas de Myanmar destruíram uma mesquita muçulmana. Os budistas geralmente são conhecidos como pacifistas. Na Índia, hindus também destroem mesquitas e matam muçulmanos assim como perpetuam atos violentos contra budistas. A Índia é conhecida como o país mais tolerante e com maior liberdade religiosa do mundo. Os muçulmanos destroem estátuas do Buda. Tanto muçulmanos quanto cristãos fanáticos batem e matam homossexuais. Os cristãos nos EUA queimam mesquitas assim como igrejas de negros. O cristianismo é a religião de amor, paz e perdão. Os judeus de Israel cometem crimes e atrocidades contra os muçulmanos da Palestina. Os muçulmanos sunitas matam muçulmanos xiitas. Durante a inquisição os católicos assassinaram milhões de pessoas “em nome de Deus”.

Poderíamos continuar, há muitos outros exemplos, mas é melhor parar por aqui. Como é que as religiões fundadas por meio das revelações de Deus criam fanáticos dispostos à violência e atos contrários aos próprios princípios da própria religião?

É uma questão de foco. Qual é a razão ou propósito da religião? As religiões foram construídas como métodos para colocar em prática as revelações divinas que um profeta recebeu. A religião não foi criação de Deus, mas do homem. Deus ou Força Energética Consciente revelou a ciência de como o ser humano pode sintonizar com a frequência divina, harmonizar-se ou unir-se com a Realidade e, então, um sistema que chamamos religião se desenvolveu. A verdade é uma, sem país, raça ou idioma, mas as religiões refletem culturas e inclinações humanas.

Com o tempo as pessoas se apaixonam pela religião no lugar do propósito da religião – a religião no lugar de Deus. Chama-se identificação e identificação extrema se caracteriza como fanatismo. Os primeiros sinais do fanatismo são o foco nas aparências, uma forma de se vestir identificando com uma ou outra religião, símbolos e adornos “religiosos”, oração em público e outras expressões de “religiosidade” realizadas para ser visto.

O fanatismo alcança seu apogeu quando a pessoa crê que tem que converter o mundo todo para sua religião, ou forma de religião, forçando as pessoas. Já não tem nada a ver com Deus, é uma exageração de egocentrismo, materialismo, e confundir a realidade com fantasia é uma forma de esquizofrenia.

Deus revelou a mesma ciência a todos os profetas, chama-se Submissão, submissão a Deus ou à Realidade, ou outra maneira de expressar seria aceitação, aceitar nossa dependência de Deus e nossa realidade no esquema universal. No estado de aceitação uma grande carga sai de cima da pessoa e ela se conecta com a frequência divina. A frequência divina é o amor e é adquirido com a morte do ego.

Nada acontece automaticamente. O amor é a ausência do ego, mas a ausência do ego é obtida com amor – o amor real mata o ego. O amor é uma escolha.

Um comentário:

  1. Que palavras lindas! O fanatismo religioso é um veneno que sufoca a verdadeira meta espiritual.

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