quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O emocionalismo


 Por Sheik Mohammad Abdullah Ansari

O emocionalismo é a antítese do espiritualismo. A imagem popular do santo estoico que não se perturba com nada, que parece sem emoções, não está muito longe do alvo. Lembre-se que não devemos confundir o amor real e suas ramificações (compaixão, tristeza com a condição dos outros, e etc.) com as emoções; o amor não é uma emoção – o amor falso sim o é – o amor mais comum está baseado em interesse pessoal, sexo, medo ou conveniência. Para aqueles que alcançaram um grau de paz emocional, resta a pergunta: “estou mal, é bom não ter muita emoção ou é apatia?”.

Para respondermos a pergunta só temos que abrir os olhos e observar as vidas das pessoas emotivas, que são levadas pelas circunstâncias de cima para baixo como uma montanha russa emocional. Queremos uma vida telenovelesca? Acho que não! Uma pessoa emotiva não consegue pensar. O que é melhor, pensar ou não pensar? Todavia, lutamos com a pergunta: eu sou o louco? Só com mais práticas espirituais chegaremos à resposta, inshallah (se Deus quiser) – um foco em Deus, meditação e um esforço constante para fazer o correto.

As emoções negativas, medo (sem perigo real), avareza, ódio, raiva, inveja, depressão, preocupação, têm reações físicas negativas até, com o tempo, provocam doenças. Estar consciente dessas reações é um passo importante no caminho espiritual, isto é, conhecer o que está bloqueando a visão de nossa realidade divina é uma parte primordial no trabalho de remover esses obstáculos que cobrem a conexão com nossa realidade, o corpo sutil, o coração, a alma.

Como a raiva, o ódio, a avareza e todas as outras emoções negativas são sentidas? São prazerosas? Na realidade elas têm duas caras: são como drogas, nos levam a outro estado de consciência, nos desconectam do cérebro e do raciocínio, e pior, podem nos fazer cometer atos contraproducentes e/ou atos destrutivos, estados em que cremos que estamos corretos, isto é, até desfrutamos causar dano a nós e a outros – um estado de cegueira. As emoções negativas reforçam o estado físico, reforçam o engano da materialidade e a solidez do corpo, assim como a ideia de que somos o corpo.

Observar esse processo, a realidade do que está acontecendo, conduz à sabedoria, o conhecimento das realidades desta vida.

Observar e sentir conscientemente as reações físicas do corpo nos momentos em que surgem emoções negativas, automaticamente nos separa delas a um grau e esse grau aumenta pouco a pouco com a prática até que conseguimos o controle e as eliminamos por completo. Além do controle das emoções, esta prática conduz à consciência mais forte do ser real, a alma, a consciência de uma realidade, nossa realidade, um ser eterno habitando temporalmente um corpo, um veículo, uma ferramenta e com isso a habilidade de usar essa ferramenta para cumprir nossa missão na Terra – a de conhecer e experimentar a Deus.

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